quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Manipulação de estatísticas do aborto


Manipulação de estatísticas

Além de cometer sofismas, como o descrito acima, o governo usa de dados falsos ou simplesmente imaginários. Um deles é a taxa anual de abortos praticados no Brasil:

“Em 2005, foram realizados 1.054.243 de abortos induzidos”, diz uma “pesquisa” encomendada pelo Ministério da Saúde. É impressionante a precisão do número, que vai até à casa das unidades. Mas na página 3 se diz que esse é apenas o “ponto médio”, que pode variar entre 843.394 (limite inferior) e 1.265.091 (limite superior). Nenhuma palavra sobre o caminho usado para chegar a esses resultados.

Um relatório da IPPF denominado “Morte e negação: abortamento inseguro e pobreza”traz a seguinte (e gratuita) afirmação: “O Ministério da Saúde estima que 31 por cento de todas as gravidezes terminem em abortamento. Isto corresponde a cerca de 1,4 milhões de abortos por ano, sendo a maioria deles clandestinos.” Como de costume, nada dobre a origem desses números.

Em 1990, o Jornal do Brasil dizia que a ONU havia estimado que o Brasil era recordista mundial de abortos, com uma taxa anual de 3 milhões (12 abr. 1990, p. 7). Afinal, são três milhões ou 1,4 milhão ou 1 milhão? Ou será que são 100 mil? Ou apenas 10 mil? Em 1993, a Dra. Zilda Arns Neumann, coordenadora da Pastoral da Criança, assustada com a quantidade de abortos que se diziam praticar no Brasil “segundo pesquisas da ONU”, foi consultar a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, repartição regional da OMS) e recebeu por fax a seguinte resposta em 11/03/1993: “Lamentavelmente, não é a primeira vez que, levianamente, se toma o nome da Organização Mundial de Saúde e/ou da Organização Pan-Americana de Saúde para dar informações que não emanam dessas instituições”.

Outra informação falsa é de que o número de mulheres mortas em decorrência de “abortos inseguros” é muito grande. Basta consultar o Departamento de Informação e Informática do SUS – DATASUS para verificar que o índice de mortes maternas tem permanecido estável ao longo dos anos em nosso país: 1577 mortes em 2001, 1655 em 2002, 1584 em 2003 e 1641 em 2004. Deste número, a quantidade de mortes maternas em gravidez que terminou em aborto nunca passou de 200. Seu ponto máximo foi 163 mortes, em 1997.

Ano
1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

Mortes maternas em gravidez que terminou em aborto
146

163

119

147

128

148

115

152

156

Com um detalhe importante: essa cifra engloba não só a morte materna devida a abortos provocados. Ela engloba: gravidez ectópica, mola hidatiforme, outros produtos anormais da concepção, aborto espontâneo, aborto “por razões médicas e legais” (sic), outros tipos de aborto, aborto não especificado, e falhas de tentativa de aborto. Com uma gama tão abrangente, a cifra não chega a duas centenas anuais, para decepção dos abortistas.

Por fim, diz-se falsamente que a legalização do aborto diminui a morte materna. Ora, “… mais de 59% das mortes maternas do mundo ocorrem nos países que têm as leis menos restritivas. Na Índia, por exemplo, onde existe uma legislação que permite o aborto em quase todos os casos desde 1972, é onde mais mortes maternas ocorrem. A cada ano, registram-se cerca de 136.000 casos, equivalentes a 25% do total mundial, que para o ano 2000 se calculou em 529.000 [...] Nos países desenvolvidos também se pode ver que não há uma correlação entre a legalidade do aborto e os índices de mortalidade materna. A Rússia, com uma das legislações mais amplas, tem uma taxa de mortalidade materna alta (67 por 100.000 nascidos vivos), seis vezes superior à média. Em contraste, a Irlanda, onde o aborto é ilegal praticamente em todos os casos, possui uma das taxas de mortalidade materna mais baixas do mundo (5 por 100.000 nascidos vivos), três vezes inferior à do Reino Unido (13 por 100.000 NV) e à dos Estados Unidos (17 por 100.000 NV), países onde o aborto é amplamente permitido e os padrões de saúde são altos”. O caminho para diminuir a morte materna não é liberar o aborto, mas aumentar o atendimento aos partos por pessoal idôneo e qualificado.

BEMFAM faz apologia de crime

A filial da IPPF no Brasil (BEMFAM) pretende iniciar em setembro, em Campinas, um projeto para “orientar interessadas em interromper a gravidez sobre os métodos existentes e seus riscos”. Para esse projeto de apologia do aborto, a BEMFAM recebeu 150.000 dólares da IPPF. Segundo Ney Costa, secretário-executivo da organização, “se a mulher está convicta, o mínimo que podemos fazer é informá-la”. Seguindo raciocínio análogo, se um cidadão estiver convicto de assaltar um banco, será preciso que o governo (ou alguma ONG) informe a ele sobre os métodos existentes. A incitação ao crime e a apologia de crime, duas figuras penais bem próximas, estão tipificadas nos artigos 286 e 287 do Código Penal. Diante dessa notícia-crime, cabe ao Ministério Público oferecer denúncia contra os dirigentes da BEMFAM.


Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz
Presidente do Pró-Vida de Anápolis

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