quinta-feira, 13 de maio de 2010
PRIMEIRA APARIÇÃO DO ANJO
PRIMEIRA APARIÇÃO DO ANJO
(No Outeiro do Cabeço)
Foi assim, segundo narra a Irmã Lúcia:
“Já há alguns momentos que jogávamos, e eis que um vento forte sacudiu as árvores e fez-nos levantar a vista para ver o que se passava, pois o dia estava sereno.
Então, começámos a ver, a alguma distância, sobre as árvores que se estendiam em direcção ao nascente, uma luz mais branca que a neve, com a forma de um jovem transparente, mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios do Sol.
À medida que se aproximava, íamos-lhe distinguindo as suas feições:
Um jovem dos seus 14 a 15 anos, duma grande beleza.
Estávamos surpreendidos e meio absortos, e não dizíamos nada.
Ao chegar junto de nós, ele disse-nos:
– “Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo”.
E ajoelhando na terra, curvou a fronte até ao chão.
Levados por um movimento sobrenatural, imitamo-lo, e repetimos as palavras que lhe ouvimos pronunciar:
– “Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos.
Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam”.
Depois de repetir isto três vezes, ergueu-se e disse-nos:
– “Orai assim. Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas”.
Seguidamente, o Anjo desapareceu.
A atmosfera do sobrenatural, que nos envolveu, era tão intensa, que quase não nos dávamos conta da própria existência, por um grande espaço de tempo, permanecendo na posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre essa mesma oração.
A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima, que nem mesmo entre nós atrevíamo-nos a falar.
No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera, que só muito lentamente foi desaparecendo.
Nessa aparição, ninguém de nós pensou em falar, nem em recomendar segredo, pois ela de si mesma o impôs.
A Aparição era tão íntima, que não era fácil pronunciar sobre ela a menor palavra.
Fez-nos também a maior impressão, por ser a primeira assim manifestada”.
(Irmã Lúcia, 'Memórias II')
SEGUNDA APARIÇÃO DO ANJO
No fundo do quintal da casa de Lúcia, havia o poço, onde o 'Anjo da Paz', 'Anjo de Portugal', apareceu pela segunda vez (no Verão de 1916), dizendo às crianças Lúcia, Francisco e Jacinta:
– “Que fazeis? Orai, orai muito!
Os Corações Santíssimos de Jesus e de Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia.
Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios”.
– “Como nos havemos de sacrificar?” – perguntei.
– “De tudo o que puderdes, oferecei a Deus um sacrifício, em acto de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores.
Eu sou o Anjo da sua Guarda, o Anjo de Portugal.
Sobretudo, aceitai e suportai com submissão os sofrimentos que o Senhor vos enviar”.
“E logo o Anjo desapareceu.
Estas palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito, como uma luz que nos fazia compreender quem era Deus; como Ele nos amava e queria ser amado; o valor do sacrifício e quanto Lhe era agradável; e como, através do sofrimento, se convertiam os pecadores”.
(Irmã Lúcia, 'Memórias II').
TERCEIRA APARIÇÃO DO ANJO
(Na Loca do Cabeço)
“Logo que ali chegámos, ficámos de joelhos, com os rostos em terra, começando a repetir a oração do Anjo:
«Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos», etc...
Não sei quantas vezes tínhamos repetido esta oração, quando vimos que sobre nós brilhava uma luz desconhecida.
Erguemo-nos para ver o que se passava, e vimos o Anjo trazendo na mão esquerda um Cálice e, suspensa sobre ele, uma Hóstia, da qual caíam dentro do Cálice algumas gotas de Sangue.
Deixando o Cálice e a Hóstia suspensos no ar, prostrou-se na terra, junto de nós, e repetiu três vezes a seguinte oração:
– “Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente, e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os Sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido.
E pelos Méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores”.
Depois, levantando-se, novamente pegou o Cálice e a Hóstia, dando a Hóstia a mim, e o conteúdo do Cálice deu a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo ao mesmo tempo:
– “Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos.
Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus”.
De novo, prostrou-se na terra, repetindo connosco, mais três vezes, a mesma oração: “Santíssima Trindade...” etc; e desapareceu.
Levados pela força do sobrenatural, que nos envolvia, imitávamos o Anjo em tudo; isto é, prostrando-nos como ele e repetindo as orações que ele dizia.
A força da presença de Deus era tão intensa, que nos absorvia e aniquilava quase por completo.
Parecia privar-nos até do uso dos sentidos corporais, por um grande espaço de tempo.
Nesses dias, fazíamos as acções materiais, como que levados por esse mesmo ser sobrenatural que a isso nos impelia.
A paz e a felicidade que sentíamos era grande, só com a alma íntima e profundamente concentrada em Deus.
Mas o abatimento físico, que nos prostrava, também era grande.
Não sei porquê, mas as Aparições de Nossa Senhora produziam em nós efeitos bem diferentes.
A mesma alegria íntima, a mesma paz e felicidade.
Porém, em vez desse abatimento físico, uma certa agilidade expansiva; em vez desse aniquilamento na Divina Presença, um exultar de alegria; em vez dessa dificuldade no falar, um certo entusiasmo comunicativo.
Mas, apesar desses sentimentos, sentia a inspiração para calar, em especial algumas coisas.
Nos interrogatórios, sentia a inspiração íntima que me indicava as respostas que, sem faltar à verdade, não descobrissem o que devia então ocultar”.
(Irmã Lúcia, 'Memórias II')
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