terça-feira, 18 de maio de 2010

Os primeiros Movimentos Carismáticos


Os primeiros Movimentos Carismáticos




O Renovamento Carismático não é algo completamente novo na vida da Igreja. Ao longo dos séculos conheceram-se muitas renovações, avivamentos (revivalismos) ou despertares. A maioria dessas renovações ou reformas surgiram por uma certa nostalgia da vida da Igreja primitiva, uma Igreja transbordante de Espírito e de carismas. Todos os movimentos revivalistas foram uma reacção contra a instalação e o formalismo que se foram introduzindo na Igreja com o passar do tempo.

O primeiro movimento carismático conhecido na vida da Igreja foi protagonizado por Montano, nos finais do século II da nossa era. Mas não é fácil fazer-se uma ideia do que realmente foi. Só o conhecemos através do testemunho daqueles que se lhe opuseram. O montanismo foi uma reacção muito forte contra uma Igreja que começava a mostrar os primeiros sintomas de instalação. Pôs em evidência os carismas de falar em línguas e de profecia. Mas os abusos incrustaram-se no seu seio. Reprovou-se a sua rigidez, o iluminismo, o feminismo e, sobretudo, a pretensão de estabelecer uma hierarquia carismática em competição com a hierarquia oficial. A hierarquia da Igreja pôs em ordem aquela desordem e impôs a disciplina. Assim se evitou o risco de desvio. Mas a intervenção da Igreja teve como efeito o quase total desaparecimento dos carismas.

As renovações que maior êxito tiveram na vida da Igreja foram as da vida monástica e religiosa: Santo António (séc. IV), S. Bento de Nursia (séc. VI), S. Domingos de Gusmão e S. Francisco de Assis (séc. XIII). O nascimento de tantas Ordens religiosas foi um impulso na vida da Igreja. Com elas rejuvenesceu, num momento de uma certa obscuridade.

Na Idade Média apareceram muitos grupos entusiastas e carismáticos: os Valdenses, discípulos de Pedro Valdo; os Fraticelli, as Beguinas, terciárias franciscanas conquistadas pelas ideias dos Fraticelli, etc. Não é fácil determinar o valor de nenhum destes grupos, já que os seus escritos desapareceram quase por completo e só os conhecemos pelo testemunho dos que se lhes opunham. Mas sabemos que tratavam de voltar à pobreza e à vida evangélica.

A partir do séc. XVII produziram-se, no seio da Reforma protestante, uma série de movimentos que foram designados como revivalismos ou despertares (Revivals). A figura mais significativa foi a de J. Wesley (1703-1791), sacerdote anglicano, fundador do Metodismo.

Para os metodistas, o essencial era a primeira conversão do homem, o encontro pessoal com Jesus, a experiência de salvação. A conversão foi considerada como um primeiro passo ou como uma bênção, a que se devia seguir outra para assegurar a firmeza da primeira conversão. Esta segunda bênção recebeu o nome de santificação. No Movimento de santidade, derivado do Metodismo de J. Wesley, a santificação foi designada com o nome de baptismo no Espírito. A expressão passava assim a fazer parte da vida ordinária dos Movimentos de santidade.

Pe. Vicente Borragán Mata, OP

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