Era 25 de novembro de 1856.
Aquela manhã os jovens do Oratório, após o despertar, inteiraram-se da terrível noticia: Mamãe Margarida tinha morrido! Alguns não o queriam acreditar. Era uma desgraça que lhes tocava tão de cheio! O que poderiam fazer sem ela?
São João Bosco tinha os olhos avermelhados. Não parecia o mesmo... Quanto devia ter chorado!
Um grupo de jovenzinhos se aproximou do bom Pai. Necessitava que o animassem e tentava animar a outros. Muitos daqueles moços choravam. São João Bosco disse algumas palavras de consolo aos que lhe rodeavam:
—perdemos a nossa Mãe! Mas estou seguro de que agora nos ajudará do Paraíso. Era uma Santa! Minha mãe era uma Santa!
"São João Bosco —afligido pela dor— depois dos funerais de sua mãe, dirigiu-se a sua casa, sendo hospedado por seu amigo o cônego Rosaz, que lhe tinha brindado, em tão doloroso transe, o alívio de sua companhia. Mas não se deteve com ele mais que um dia, e ao retornar ao Turim, continuou rezando fervorosamente e fazendo rezar muito pela alma de sua mãe. Dela falava sempre com afeto filial, fazendo ressaltar, tanto em público como em privado, suas grandes virtudes. Dispôs que um de seus sacerdotes anotasse os fatos edificantes de sua vida e os publicasse em sua lembrança, para edificação de todos.
Nos últimos anos de sua vida, São João Bosco dava amostras do vivo que se conservava em seu coração o amor para sua mãe, pois ao evocá-la chorava de emoção e os que lhe assistiam de noite recordavam que em seus sonhos, com freqüência lhe ouvia chamar à mãe.
Várias vezes a viu em sonhos; sonhos que ficaram profundamente gravados em sua mente e que às vezes nos narrava".
No mês de agosto de 1860, pareceu-lhe encontrá-la perto do Santuário da Consolata, perto do Convento da Santa Ana, na mesma esquina da rua, enquanto ele retornava ao Oratório. Seu aspecto era muito belo.
— Como? Você aqui?, — disse-lhe São João Bosco —. Mas não morrestes?
— morri, mas vivo — replicou Margarida—.
— E é feliz?
— Felicíssima.
São João Bosco, depois de algumas outras coisas, perguntou-lhe se tinha ido ao Paraíso imediatamente depois de sua morte. Margarida respondeu que não. Depois quis que lhe dissesse se no Paraíso estavam alguns jovens cujos nomes indicou-lhe, respondendo Margarida afirmativamente.
— E agora me diga — continuou São João Bosco —, como é a felicidade no Paraíso?
— Embora te dissesse não o compreenderias.
—me dê ao menos uma prova de sua felicidade. Faça-me sequer saborear uma gota dela.
Então viu sua mãe toda resplandecente, adornada com uma preciosa vestimenta, com um aspecto de maravilhosa majestade e seguida de um coro numeroso. Margarida começou a cantar. Seu canto de amor de Deus, de uma inefável doçura, inundava o coração de encanto elevando-o brandamente às alturas. Era uma harmonia expressa como que por milhares e milhares de vozes que faziam incontáveis modulações, das mais graves e profundas, até as mais altas e agudas, com uma variedade de tonalidades e vibrações, das mais fortes até as quase imperceptíveis, combinadas com uma arte e delicadeza tal que conseguiam formar um conjunto maravilhoso.
São João Bosco, ao perceber aquelas finíssimas melodias, ficou tão encantado que lhe pareceu estar como fora de si, e já não soube o que dizer nem o que perguntar a sua mãe.
Quando teve terminado o canto, Margarida se voltou para seu filho dizendo-lhe:
— Espero-te no Paraíso, porque nós dois temos que estar sempre juntos.
Proferidas estas palavras, desapareceu.
(M. B. Tomo V, págs. 567-568)
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
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