segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Introdução do catolicismo em nosso país
Desde o início, a ação colonizadora portuguesa contou com a participação da Igreja Católica. Os jesuítas que vieram para o Brasil, a partir de 1549, foram responsáveis pela introdução do catolicismo em nosso país, catequização dos índios e educação dos filhos dos colonos.
Para a catequização, grandes contingentes de de índios eram confinados em missões (aldeamentos), onde os jesuítas procuravam (1) afastar os índios das antigas lideranças (2) converter o nativo ao cristianismo (3) evitar a escravização indígena pelos colonos. Em razão dos conflitos gerados entre colonos e missionários, Portugal resolveu expulsar do Brasil (em 1759) os padres jesuítas, e em seguida, confiscar todos os seus bens.
Além da destribalização e da mortandade em consequência de doenças trazidas pelos europeus, os índios brasileiros sofreram, mais tarde, um grande golpe desferido pelo Governo: por meio da Lei das Terras (1850) todas as poses de terras deveriam ser registradas em cartório. Vivendo nas matas e sem conhecimento (e meios) com os ingênuos nativos poderiam registrar suas terras? Os brancos (latifundiarios e grilheiros) festejaram!
Fig. 58 (Inácio de Loyola. Sacristia da Catedral de Salvador / BA).
Fundada por Inácio de Loyola(1), a Companhia de Jesus estabeleceu-se aqui no início da administração da Colônia com a missão de catequizar os indígenas segundos os objetivos da colonização. Além do trabalho catequético, os membros da Companhia tornaram-se os primeiros educadores brasileiros(2,3).
Fig. 59 (Padre Antônio Vieira). Arquivo Histórico Ultramarino. Lisboa / Portugal).
Intransigente defensor dos índios brasileiros. Padre Vieira foi o primeiro jesuíta a denunciar a exploração dos nativos pelos colonos e funcionários da Coroa. Segundo Vieira, os portugueses foram responsáveis pelo extermínio de milhares de índios, logo no ínicio da colonização.
Fig. 60 (José de Anchieta). Obra de Ednardo Sá. Museu Histórico Nacional. Rio / RJ).
Diante das dificuldades para a conversão dos índios adultos, Anchieta e seus companheiros preferiram ensinar os princípios da fé católica às crianças. Dessa maneira, os curumins levavam então aos adultos o que aprendiam com os catequistas.
Fig. 61 (São Francisco de Assis e seus irmãos falando com as aves). Convento de Santo Antônio. Igaraçú / PE)
Além dos Jesuítas(4), outras ordens religiosas, em menor escala, foram autorizadas a cuidar da alma dos brasileiros: os Franciscanos (voltados para a assistência espiritual dos moradores das vilas e seus escravos), os Carmelitas (pedintes descalços, receptivos a doações de terras, casas, gado e escravos), os Beneditinos (detentores de extensas fazendas), os Mercedários (dedicados à catequização dos indígenas da Amazônia, transformados, depois, em ricos fazendeiros) e Capuchinhos (especializados no apostolado popular). A obra religiosa no Brasil encerrava uma grande contradição: não admitia a escravidão do índio, porém, era a favor da utilização do trabalho escravo africano.
Fig. 62 (Aldeia de Tapuya. Prancha de Johann Moritz Rugendas. Coleção P. M. Bradi. São Paulo / SP).
A serviço da Fé Católica e da Coroa Portuguesa, a Companhia de Jesus procurava alcançar dois objetivos: um missionário (através da fundação de missões indígenas) e outro educacional (pela organização de colégios, que foram a base de toda a cultura do Brasil colonial). No plano educativo, a ação dos jesuítas concentrava-se nos colégios e seminários. O ensino jesuítico era subsidiado pela Coroa (através do chamado padrão de redízima) e colocava a causa católica acima de tudo(5). Os cursos não conferiam diplomas, forçando, assim, uns poucos ricos a concluir seus estudos na Metrópole. Isso fortificava o cordão umbilical da dependência e impedia a formação de uma cultura nacional autônoma(6).
No plano missionário, a tarefa dos “soldados de Cristo” era trazer os “ selvagens” para o mundo cristão, civilizado. Para tanto, os jesuítas agrupavam os índios em missões. Nesses núcleos de vivência (muitos deles abrigando comunidades com mais de mil pessoas), os índios eram obrigados a trabalhar, estudar e rezar. Isso representava uma reviravolta nos seus hábitos, crenças, sentimentos e condutas. Além da mudança desses valores milenares, as populações aldeadas sofriam ataques dos colonos interessados na mão-de-obra indígena. Daí a relação conflituosa jesuítas versus colonos, desencadeando a intervenção da Metrópole, a favor destes últimos.
Por ato de Marquês de Pombal, a Companhia de Jesus foi obrigada a encerrar suas atividades no Brasil. Em conseqüência, os membros da Companhia foram expulsos, seus bens confiscados e os colégios fechados. O ensino jesuítico passa então para a tutela da Coroa, sob o sistema de aulas régias(7, 8, 9).
NOTAS:
“Produto da Contra-reforma, a Companhia de Jesus em momento algum perdeu de vista o combate à Reforma Protestante” (História da Educação, a escola no Brasil, p. 46, Maria Elizabete et alii, Editora FTD, São Paulo, 1994).
“Em 1549, com o primeiro governador geral, chegaram também ao Brasil os primeiros jesuítas, sob a chefia do padre Manuel da Nóbrega. Traziam duas missões claras e definidas pela Contra-Reforma: ampliar a fé católica e recuperar os fiéis perdidos com a divisão do cristianismo. A catequese se propunha à formação de novos católicos; o Deus cristão abriria o caminho da santidade e da salvação dessa gente selvagem, bárbara, incivilizada. Dessa forma, o catolicismo tornou-se um traço cultural marcante da sociedade colonial brasileira” (História do Brasil, p. 45, Clarence José de Matos e César A. Nunes, Editora Nova Cultural, São Paulo, 1994).
“A pedagogia jesuítica consistia em aulas de ler, escrever e contar números, para os filhos dos colonos e para os índios mais avançados (...) Havia orações e missas em latim, com a presença obrigatória não só dos alunos mas também de todos os seus familiares. Pode-se dizer que a Companhia de Jesus foi a instituição responsável pelo único trabalho intelectual realizado durante os séculos XVI e XVII, no Brasil” (Clarence José de Matos e César A. Nunes, op. cit., p. 45).
“Além de gozar de vastos privilégios nos campos missionário e pedagógico, conferidos pela Santa Sé e reconhecidos pelos reis portugueses, a Companhia de Jesus tornou-se também uma das instituições mais opulentas da América portuguesa. Através de doações e de uma cuidadosa administração de seu patrimônio, acumulou imenso cabedal em sesmarias, propriedades urbanas, fazendas de gado, engenhos e escravos africanos” (Dicionário do Brasil Colonial, p. 328, Ronaldo Vainfas/Direção, Guilherme Perreira das Neves (co-autor), Editora Objetiva, Rio de Janeiro, 2000).
“No mais, o Ratio Studiorum, o Plano de Estudos dos jesuítas, reinava absoluto, e o faria por séculos, mesmo após a expulsão de seus criadores (1759) e o desmantelamento do sistema educacional colonial. Esse ensino era subsidiado pela Coroa, através do chamado padrão de redízima, que correspondia a 10% dos impostos cobrados na colônia (...) Não concediam, todavia, diplomas, o que era um privilégio da Metrópole” (Maria Elizabete Xavier et alii, op. cit., p. 48).
“Nossos letrados eram, assim, forçados a concluir os seus estudos na Europa, mais freqüentemente em Coimbra, reforçando os laços de identificação cultural com a pátria-mãe. Dessa forma, prevenia-se contra o desenvolvimento de uma cultura nacional e de anseios de autonomia, já pouco favorecidos pelo modo dependente como se organizara a vida colonial” ( Op. cit., p. 48).
“Nossos letrados eram, assim, forçados a concluir os seus estudos na Europa, mais freqüentemente em Coimbra, reforçando os laços de identificação cultural com a pátria-mãe. Dessa forma, prevenia-se contra o desenvolvimento de uma cultura nacional e de anseios de autonomia, já pouco favorecidos pelo modo dependente como se organizara a vida colonial” ( Op. cit., p. 48).
Ao lado das aulas-régias, continuaram a funcionar os seminários e os colégios das demais ordens religiosas (Saga, A Grande História do Brasil, Vol. 2, p. 198, Abril Cultural, São Paulo, 1981).
“Nossos letrados eram, assim, forçados a concluir os seus estudos na Europa, mais freqüentemente em Coimbra, reforçando os laços de identificação cultural com a pátria-mãe. Dessa forma, prevenia-se contra o desenvolvimento de uma cultura nacional e de anseios de autonomia, já pouco favorecidos pelo modo dependente como se organizara a vida colonial” ( Op. cit., p. 48).
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